Ironia no canto racista dos hooligans alemães

Pelo menos 157 adeptos violentos, na maioria alemães, foram detidos no domingo em Klagenfurt, na sequência de confrontos com os apoiantes da selecção polaca, derrotada com dois golos… de um polaco
A polícia austríaca teve ontem a sua prova de fogo, ao controlar os festejos violentos de alguns adeptos alemães. A selecção germânica bateu a Polónia por 2-0, e houve quem celebrasse de forma menos própria. Pelo menos 157 foram detidos – destes, 144 eram alemães.
Segundo as autoridades, os hooligans germânicos entoaram cânticos «neo-nazis» contra a selecção polaca, derrotada domingo com dois golos de Lukas Podolski.

E é aqui que está a ironia. Os que cantavam «todos os polacos têm que usar a estrela amarela [reservada aos judeus no regime nazi]» festejam o triunfo de um alemão de origem polaca. Lukas Podolski, o jovem goleador da selecção alemã (fez 23 anos no passado dia 4), é filho de pais polacos.

De resto, a selecção alemã é uma das equipas mais multiculturais do torneio, sobretudo no ataque, com um jogador filho de pai espanhol (Mario Gomez), um brasileiro (Kevin Kurányi), um suíço (Oliver Neuville) e outro polaco (Miroslav Klose), para além de Podolski.

os incidentes de domingo aconteceram menos de uma semana após o lançamento de uma iniciativa da UEFA que visa combater o racismo no futebol. Até às meias-finais do campeonato, vão ser transmitidas mensagens de tolerância por parte de várias estrelas europeias.

Na cerimónia de lançamento, no passado dia 5 na Suíça, o médio francês de origem senegalesa Patrick Vieira tinha declarado que «o racismo não tem lugar no futebol».


«É esta diversidade de origens e religiões presente no futebol que faz deste um desporto excitante e diversificado», afirmou Vieira.


Na Áustria, porém, os receios de novos incidentes persistem. A polícia do país alpino recebeu um alerta sobre a intrusão de 30 hooligans croatas entre os adeptos daquela selecção, que joga contra a Alemanha já na próxima quinta-feira.