quinta-feira, 8 de maio de 2008

assim vai continuar o nosso pais




Morto a tiro por agente quando espreitava carro



Um homem de 53 anos foi baleado mortalmente ontem de madrugada por um agente da PSP de Leiria, fora de serviço, quando supostamente espreitava para dentro do carro onde o polícia se encontrava, acompanhado de uma mulher. O agente terá pensado que se tratava de um assalto.

Tudo aconteceu cerca das 2.15 horas, no parque de estacionamento do "Dunas Bar", na praia das Pedras Negras. A vítima, Fernando Silva, ainda foi assistido por médicos do INEM, mas acabaria por não resistir aos ferimentos provocados por três disparos que, segundo o comandante dos Bombeiros da Marinha Grande, Vítor Graça, o atingiram no pescoço, clavícula e omoplata.

O polícia, de 35 anos, casado e com três filhos, trabalhava na Esquadra de Investigação Criminal do Comando Distrital da PSP de Leiria, mas não se encontrava de serviço naquela madrugada. Depois dos disparos, e segundo apurou o JN, o agente terá prestado auxílio à vítima, chamou os bombeiros e mais tarde apresentou-se no posto da GNR de S. Pedro de Moel, onde entregou a arma de serviço com que efectuou os disparos e aguardou a presença dos inspectores da Polícia Judiciária de Leiria.

Vítima avisada pela GNR

Ontem, ao final da tarde e já acompanhado de um advogado, o polícia foi ouvido pelos inspectores. Depois de amanhã deverá apresentar-se ao magistrado do Ministério Público de Leiria.

Segundo fonte da GNR, o polícia encontrava-se dentro de uma viatura acompanhado de uma mulher, quando foi surpreendido por Fernando, que se aproximou do carro e espreitou para dentro. A vítima, segundo a mesma fonte, estava já referenciada por este tipo de comportamentos e tinha sido "advertido" por militares. "Ele era conhecido. Gostava de espreitar os namorados dentro dos carros, em locais ermos e escuros", explicou a mesma fonte.

Este comportamento tinha já sido objecto de várias denúncias e comentários na zona. Cândida Bairrada, uma das responsáveis pelo "Dunas Bar", diz que "há pessoas que se queixam que outros andam a espreitar", mas "é algo que acontece em todas as praias".

Segundo a empresária, o estabelecimento encerra à meia-noite, sendo "habitual ver no parque de estacionamento muitos carros com casais". A verdade é que, em 14 anos de exploração do espaço, nunca ali tinha ocorrido nenhum incidente. O acesso ao parque é feito através de uma estrada de terra e pedra, junto ao pinhal de Leiria e sem iluminação. "É sossegado. Os casais podem estar à vontade", justificou Cândida.

Na Escoura, Marinha Grande, a família de Fernando chora a tragédia. Camionista de uma empresa de metalomecânica da Batalha, vivia há seis meses na Truta com a sua terceira mulher. O seu corpo encontra-se no Gabinete Médico Legal de Leiria onde será submetido a uma autópsia. O funeral deverá realizar-se apenas na terça-feira.

Segundo caso num mês

No espaço de um mês, este é o segundo caso de homicídio envolvendo agentes do Comando da PSP de Leiria. A 15 de Março último, um indivíduo de 25 anos que se encontrava a furtar cobre de uma empresa abandonada foi morto por um agente durante uma perseguição.

O polícia, de 47 anos, levava numa mão um holofote e na outra uma pistola-metralhadora, que pesa cerca de quatro quilos e que, segundo vários sindicatos da PSP, "é arma instável". O agente disse que o disparo "foi acidental", o que viria a ser confirmado pelos inspectores da PJ que investigaram o caso.

O agente, que tem sido acompanhado por uma equipa de psicólogos, mantém-se ao serviço, mas deixou de fazer patrulhamentos.

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